Movimento de cineastas se lança em "road moave" no Congresso por regulação do streaming

Entidades criam movimento para que parlamentares acelerem criação de um marco regulatório em torno de um substitutivo já protocolado na Câmara dos Deputados
São Paulo e Brasília – Cineastas e produtores de cinema brasileiro lançaram uma campanha multifacetada de apelo ao Congresso Nacional, pela urgência da regulação do streaming no Brasil. A iniciativa, que inclui um vídeo impactante para as redes sociais e uma espécie de "road moave" de cineastas em Brasília, busca sensibilizar parlamentares e a sociedade para o risco iminente que a falta de regras claras representa para o futuro do audiovisual brasileiro. O vídeo já está circulando nas redes e pelos telefones dos parlamentares.
A campanha, criada por um movimento chamado União da Indústria Audiovisual Brasileira que reúne associações e independentes, evidencia que a não regulamentação do streaming cria uma distorção no mercado, onde gigantes estrangeiros operam sem a devida contrapartida. Essa situação prejudica a produção nacional, gera concorrência desleal e impede que o Brasil capture o verdadeiro valor do seu mercado. A estimativa das entidades é de que o País tem deixado de arrecadar cerca de R$ 1 bilhão por ano ao não regular o streaming.
A campanha destaca que o setor audiovisual brasileiro tem um impacto econômico significativo:
- Longas-metragens nacionais injetam mais de R$ 71 milhões/ano em renda direta.
- A cada R$ 1 investido no audiovisual, mais de R$ 5 retornam à economia, irrigando diversas cadeias produtivas.
- O setor representou 0,46% do PIB brasileiro em 2022 e gerou R$ 24,5 bilhões em valor direto adicionado à economia em 2021.
- O audiovisual gera, em média, pelo menos 657 mil empregos diretos e indiretos.
- No entanto, o Brasil importa 10 vezes mais conteúdo audiovisual do que exporta, evidenciando a assimetria e a necessidade de fortalecer a produção nacional.
“O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de audiovisual do mundo, mas essa potência se esvai pela ausência de um marco legal que garanta um retorno justo para o país. Bilhões de reais deixam de ser investidos aqui, enquanto nossa cultura perde espaço e nossa economia sofre um dano contínuo”, afirma André Sturm, presidente do Siaesp (Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo), filiado à Fiesp.
"Não se trata de punir, de taxar absurdamente, mas de criar um ambiente equilibrado e sustentável. Países como Espanha, França, Coreia do Sul e outros já adotaram regulações eficazes, que fomentam a produção local, promovem a diversidade cultural e impulsionam suas economias. Precisamos seguir esse caminho para garantir que o Brasil não apenas consuma, mas também produza e exporte cultura”, afirma Paulo Schmidt, diretor do Siaesp e atuante na União da Indústria Audiovisual Brasileira.
O movimento apoia o substitutivo protocolado na Câmara em abril pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que propõe um marco legal para o streaming, incluindo a criação da Condecine de 6% sobre o faturamento bruto das plataformas, cotas de conteúdo brasileiro nos catálogos e incentivos à produção independente. A entidade ressalta que a proposta busca um ajuste fino, com percentuais viáveis para todos os agentes do mercado.
Veja o vídeo da campanha: https://www.instagram.com/p/DJSWQE_Peyw/
https://www.instagram.com/p/DJSaYvvpPo_/
Sobre o SIAESP e a União:
O Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo (SIAESP) é uma entidade representativa do setor audiovisual paulista, que reúne produtoras, distribuidoras e outras empresas da área. O SIAESP tem como objetivo defender os interesses da indústria audiovisual, promover o desenvolvimento do setor e fortalecer a cultura brasileira. O movimento União da Indústria Audiovisual Brasileira é uma iniciativa do Siaesp, em conjunto com o Sicav (Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual), Bravi (Brasil Audiovisual Independente) e Apro (Associação Brasileira de Produção da Produção de Obras Audiovisuais), que representam 80% do mercado audiovisual brasileiro.
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