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Caxias do Sul,21/05/2025

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ONU Mulheres Brasil apresenta dados inéditos de gênero e raça no audiovisual brasileiro durante a 78ª edição de Cannes

Fonte: Maria Heloísa Martinheira - Bendita Imagem
ONU Mulheres Brasil apresenta dados inéditos de gênero e raça no audiovisual brasileiro durante a 78ª edição de Cannes Foto Tiago Zanero
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Com o apoio do Instituto +Mulheres, a iniciativa busca impulsionar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) tendo como ponto de partida os dados setoriais produzidos pela Aliança por Mais Mulheres no Audiovisual

Durante a 78ª edição do Marché du Film, que acontece de 13 a 21 de maio de 2025, em Cannes, na França, e que este ano homenageia o Brasil como país de honra, a ONU Mulheres Brasil apresentou dados preliminares inéditos sobre talentos em posição de liderança em obras audiovisuais realizadas nos últimos cinco anos. A ação integra a Aliança por Mais Mulheres no Audiovisual, lançada no Brasil em outubro de 2022, uma ação de engajamento de agentes privados co-liderada por ONU Mulheres em parceria com o Instituto +Mulheres, cujo o objetivo é apoiar mudanças internas no setor, promovendo maior presença feminina, condições de trabalho dignas para todas as pessoas e a produção de dados para sustentar estratégias de enfrentamento de desigualdade. Neste ano, esse movimento se fortalece e amplia com a chegada da ApexBrasil, por meio do programa Mulheres e Negócios Internacionais.

Alinhado às diretrizes da Agenda 2030 e à comemoração dos 30 anos da Plataforma de Ação de Pequim, o ponto de partida da Aliança é  “Gênero”, que serve como  impulsionador de outros grupos da diversidade — pessoas negras, LGBTQIAPN+, com deficiência, de diferentes gerações e origens geográficas. 

A iniciativa apresentada em Cannes se fundamenta no compromisso das Nações Unidas com pelo menos dois Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): o enfrentamento ao racismo (ODS 18), que visa à redução das desigualdades étnico-raciais; e a promoção da igualdade de gênero (ODS 5)  prioridade de ONU Mulheres, especialmente porque nenhum dos seus indicadores têm sido plenamente alcançados em países membro.

As informações foram publicizadas durante os painéis "Brazil and France: Women in Leadership Positions" (Instituto +Mulheres) e "Voices of the Majority in Film: Brazil’s 54% who is Black Can’t Wait" (Instituto Nicho 54), apresentados nos dia 14 e 18 de maio respectivamente, por meio da síntese dos principais achados da “Pesquisa de Obras”, com a coleta de dados e parte da análise conduzida pela equipe da Diversitera, startup especializada na promoção de equidade social e econômica por meio de um amplo portfólio de pesquisas.

O estudo examinou 88 produções audiovisuais realizadas entre 2018 e 2022 por quatro grandes produtoras do mercado brasileiro, com foco em posições de tomada de decisão como roteiro, direção (em suas variáveis) e produção. O levantamento revela que a liderança no setor ainda é predominantemente ocupada por pessoas brancas, heterossexuais, sem deficiência, com idade média de 47 anos e concentradas na região Sudeste.

Para Tamiris Hilário, consultora técnica da ONU Mulheres Brasil para a Indústria Audiovisual, “Percebemos uma ausência ou escassez de informações setoriais que poderiam enfraquecer iniciativas importantes e desmobilizar agentes estratégicos. Estamos cientes que os dados não dizem respeito à realidade de todos os agentes do setor. Esse é apenas um ponto de partida, uma amostra, que nos serviu para criar metodologia e gerar insights. Agora desejamos observar pequenas e médias produtoras de todo o território e contrastar os achados. Estamos buscando parceiros para viabilizar isto", afirma.

A pesquisa ainda revela dados importantes:

  • Com 48% de mulheres, incluindo o conjunto de cargos técnicos, pode-se afirmar presença de paridade de Gênero, o que não significa que a cultura organizacional seja inclusiva para elas e outras identidades. Demais dados precisam ser observados para adequada avaliação e, se individualizados por função, podem refletir assimetrias importantes como demonstrado a seguir.
  • Mulheres são maioria entre pessoas com graduação (57%) e pós-graduação (67%).
  • Grande parte dos participantes não fez uso de políticas afirmativas ao longo dos últimos cinco anos. Dos que fizeram, a predominância é de mulheres e pessoas negras.
  • Mulheres brancas acima dos 40 anos estão predominantes em regime formal (CLT).
  • Da maioria de pessoas em regime de pessoa jurídica, entre aquelas com rendimentos anuais menores que R$360 mil, temos mais mulheres. Quando se refere a rendimentos anuais menores a R$80 mil, há presença de mais pessoas negras.
  • Observando dados de renda média, homens ganham mais (R$24.368,42). Mulheres recebem 76% da renda média deles (R$18.652,54). Pessoas brancas são melhor remuneradas do que pessoas negras em todas as faixas. Mulheres negras ganham menos (R$13.187,50). 
  • Mulheres superam homens apenas nas funções de Direção de Arte e Roteirista Chefe. Constatou-se a ausência de talentos negros nas posições de Direção de Som, Direção de Fotografia, Direção de Produção e Direção de Arte.

Para Daniele Bulmini Godoy, gerente de projetos de ONU Mulheres Brasil para o setor privado, há uma crescente conscientização, interesse e compromisso por parte de organizações do setor privado com os valores e benefícios da igualdade de gênero e com seu papel na promoção da agenda de Diversidade, apesar de recentemente  estarmos testemunhando uma série de retrocessos encabeçadas por determinados governos. Para ela, contudo, não se pode confundir essa disposição com uma profunda mudança de cultura corporativa. “No setor de entretenimento e produção audiovisual, tivemos algumas mobilizações nos últimos anos que geraram uma falsa percepção de que a igualdade de gênero já foi alcançada em razão do aumento da presença de mulheres em conteúdos e iniciativas voltadas ao público feminino. São movimentos absolutamente relevantes, mas ainda precisamos observar lacunas significativas em relação a quem desenvolve as narrativas, diversidade em cargos estratégicos, ambientes inclusivos e condições dignas de trabalho", diz.

A percepção dos profissionais também foi objeto de análise:

  • Dos achados de percepção, pode-se dizer que todos os grupos analisados são críticos quanto a percepção de diversidade no conteúdo narrativo dos projetos em que estiveram envolvidos no período, mas essa percepção se dá sobretudo entre mulheres (38,6%) e pessoas negras (36,4%).
  • Mulheres e pessoas negras se sentem menos satisfeitas com os créditos que receberam nas obras realizadas (39% e 45% respectivamente).
  • Mulheres estão menos satisfeitas com equilíbrio entre vida e trabalho (sendo 20%).

Ana Carolina Querino, cientista política e representante interina da ONU Mulheres no Brasil explica que tudo isso demonstra que estas populações continuam vulnerabilizadas e, quando o assunto é trabalho digno e bem viver, enfrentam dificuldades para encontrar emprego, ainda se veem diante de lacunas salariais e acesso a recursos e oportunidades, assim como de desafios do dia a dia como a discriminação e os assédios moral e sexual. "Especificamente falando do setor audiovisual, estamos diante de uma grande oportunidade. Há muito a ser feito. Podemos realizar um trabalho de transformação setorial pioneiro, com potencial de replicação local e global", afirma.

O relatório completo apresentado em Cannes será divulgado em breve.

INFORMAÇÕES INSTITUCIONAIS

SOBRE ONU MULHERES

Entidade da Organização das Nações Unidas (ONU) dedicada à igualdade de gênero e ao empoderamento de mulheres e meninas, com atuação global pautada por marcos como a Plataforma de Ação de Pequim, que completa 30 anos em 2025.

 🔗 www.onumulheres.org.br |  Instagram: @onumulheresbr

SOBRE O INSTITUTO +MULHERES

Desde 2019, o Instituto +Mulheres atua para fortalecer a presença feminina no audiovisual brasileiro, promovendo equidade de gênero por meio de formação, articulação política, comunicação estratégica e redes profissionais.

 🔗 www.institutomaismulheres.org |  Instagram: @maismulheresav

SOBRE DIVERSITERA

A Diversitera é uma startup dedicada à promoção da equidade social e econômica em organizações de diversos perfis, transformando Diversidade e Inclusão em pilares estratégicos. 

 🔗 www.diversitera.com | Instagram: @diversitera | Linkedin: https://www.linkedin.com/company/diversitera/ 


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