Monte Belo do Sul apresenta sua gente e sua cultura para o Brasil

Município inaugurou a quarta temporada do “Avisa Lá Que Eu Vou”, da Rede Globo, mostrando ao país sua identidade e seus costumes
Foram pouco mais de 40 minutos de programa, mas suficientes para projetar Monte Belo do Sul ao Brasil como talvez nunca tenha ocorrido antes. O pequeno município da Serra, de cerca de 2,5 mil habitantes, protagonizou a estreia da quarta temporada do “Avisa Lá Que Eu Vou”, da Rede Globo, trazendo pela primeira vez ao Sul do país o seu apresentador, o irreverente Paulo Vieira.
Os efeitos dessa exposição midiática já começaram. “É uma repercussão gigante”, disse o tanoeiro Genei Marcos Stasczak, um dos entrevistados. E vai aumentar. Depois de estrear no canal pago GNT, no dia 17 de junho, quando a cidade se reuniu para assistir à estreia no Salão Paroquial, o programa chega à televisão aberta, na maior emissora do país, no dia 2 de julho, às 22h45min.
A equipe da Globo captou as imagens e as entrevistas durante o mês de março, quando Monte Belo armou uma grande festa para celebrar seus 33 anos de emancipação e os 150 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul. Foi através dessa cultura, formadora do município, que o Brasil enxergou Monte Belo e um outro Brasil, longe das capitais e das praias, um Brasil que produz uva e vinho, que fala outra língua – o talian –, que come polenta e que ainda vive em comunidade e exalta sua identidade. “Nós somos o que os imigrantes nos legaram, a vitivinicultura, a fé, a gastronomia, os saberes e os fazeres”, comentou o secretário municipal de Cultura e Turismo, Alvaro Manzoni, também um dos entrevistados do programa, que falou sobre a cultura local.
Foi ele um dos responsáveis pela festa que trouxe o “Avisa Lá Que Eu Vou” para as terras monte-belenses. O aniversário da cidade reuniu atrativos das três principais festas do município, a Festa de Abertura da Vindima, realizada a cada quatro anos; o Polentaço, realizado bienalmente; e o Vieni Vivere la Vita Festival, em cartaz todo ano. O Polentaço, com o tombo de uma polenta gigante de 800 quilos, foi uma das sensações. Entre uma mexida e outra na iguaria, o responsável pelo preparo, Nelso Uliana, foi entrevistado por Paulo Vieira, que quis saber tudo a respeito da receita. “Foi uma honra participar, um momento muito especial”, disse Uliana, para quem a participação de Monte Belo no programa significou um avanço na projeção do município. “Para um município pequeno como o nosso, ser divulgado pela Rede Globo é um momento histórico”, emendou.
Assim como a gastronomia ocupa uma parcela significativa do legado cultural dos imigrantes, a vitivinicultura é outra que ata os monte-belenses a essa mesma herança. Genei Stasczak produz um dos principais insumos para quem elabora vinho, as pipas onde a bebida é armazenada. Um dos últimos artesãos na região a produzir as peças, Nei, como é chamado, não só participou do programa como conviveu de perto com Paulo Vieira. A equipe da Globo ficou hospedada na pousada que ele mantém em sua propriedade, cujos quartos ficam dentro de pipas iguais às que ele produz. As gravações com Nei ocorreram ali mesmo. “Eu estava meio nervoso, mas acho que foi bom. Meu negócio é trabalhar, não é aparecer”, diverte-se o tanoeiro que, em média, produz pipas ente 80 mil e 150 mil litros. Essa produção, assim como a própria pousada, foram motivos das filmagens do “Avisa Lá Que Eu Vou”. “Foi uma experiência fantástica. Mas mais ainda para o município, divulgar o município é o mais importante de tudo, para as pessoas poderem vir conhecer. Acho que vai ser uma alavancada grande”, opinou Nei.
As expressões artísticas deixadas pelos imigrantes e seus descendentes também animaram as gravações do programa. A professora de dança Maiane De Mozzi se divertiu ao lado do apresentador, contando um pouco sobre seu trabalho no Ballo D’Italia, grupo de dança fundado há 32 anos. “Foi muito gratificante, porque vimos o quanto eles valorizam a cultura e os pequenos municípios”, disse Maiane, que participou da novela da Globo “Além do Tempo”. Na participação do programa de Vieira, gravado ao ar livre e sem ensaio, ela não se intimidou e colocou o apresentador para aprender os passos da ‘vinchia romagnola’. “Gravamos num pátio de uma casa, tudo muito natural e meio ao vivo. A edição ficou ótima”, continuou Maiane.
Além do Polentaço, Vieira participou da pisa de uva coletiva, pisando o fruto numa grande ‘mastela’ (recipiente). Ele ainda entrevistou outras personalidades da cidade. A lista tem Anete Pasquali (esculturas de polenta), Marcos Ceccon (pisa de uva), Linara Bessega Segalin (professora de talian), Rinelda Barbieri (imigrante italiana) e membros do grupo cultural-folclórico Vicentino.
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