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Caxias do Sul,06/05/2025

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Dia das Mães reflete sobre os desafios e transformações da maternidade

Fonte: Joice Cougo - Usina de Notícias
Dia das Mães reflete sobre os desafios e transformações da maternidade Foto Freepik
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O Dia das Mães costuma despertar emoções diversas e memórias afetivas profundas. Mas, além da celebração, a data também convida a uma reflexão mais sensível sobre o papel da maternidade na vida das mulheres. Para além do que é mostrado nas redes sociais ou das expectativas culturais, ser mãe envolve atravessar um caminho de descobertas, desafios emocionais e, principalmente, transformações na identidade pessoal. 


Segundo a psicóloga Valéria Vieira Figueiredo, docente do curso de Psicologia da Estácio Porto Alegre, a maternidade não se limita ao ato biológico de gerar uma criança. Ela explica que o papel materno nasce, antes de tudo, do desejo de maternar: "A identidade materna está relacionada com os conceitos do eu-mãe-você-filho e com a forma como essas figuras interagem e se influenciam. É um subsistema que se constrói com base em experiências vividas — tanto como mãe quanto como filha — e que deixa marcas ao longo de todas as fases da vida", aponta. 


Essa construção subjetiva da identidade materna é complexa e perpassa dimensões emocionais, sociais e históricas. A figura feminina que a mãe projeta para seu filho ou filha se torna parte do imaginário que ele ou ela irá carregar ao longo da vida — e, por vezes, repetir. Por isso, Valéria destaca a importância de considerar a maternidade como uma experiência influenciada por múltiplos fatores: "Biológicos, psicológicos e sociais. É essa combinação que determina como a maternidade será vivida e sentida".


Apesar de ser uma vivência carregada de afetos, a maternidade também impõe desafios. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada cinco mulheres enfrentará, ao longo da vida, algum transtorno mental. Para mães solo, essa estatística pode ser ainda mais preocupante. 


"A mulher que assume sozinha a criação dos filhos carrega uma carga imensa. Educação, saúde, decisões do dia a dia, finanças — tudo recai sobre ela. Essa sobrecarga emocional e prática pode desencadear um estado de vulnerabilidade, especialmente quando não há uma rede de apoio que a acolha", observa a psicóloga. Ainda segundo ela, a idealização da figura materna como alguém incansável e sempre disposta reforça um ciclo de exigência e culpa, prejudicando a saúde mental da mulher. 


Outro tabu que persiste é o da ausência de vínculo imediato entre mãe e filho após o nascimento. A ideia de que o amor materno surge de forma instantânea pode provocar angústia em mulheres que não sentem essa ligação logo após o parto. 


"É muito mais comum do que se pensa", afirma Valéria. "O puerpério é um período de grandes transformações físicas, hormonais e emocionais. Às vezes, o corpo e a mente precisam de tempo para se reorganizar. E isso não faz de ninguém uma mãe menos capaz". Ela orienta que o mais importante é não se culpar e buscar apoio. Pequenos gestos cotidianos ajudam a fortalecer o vínculo com o bebê, e, se necessário, conversar com um profissional pode ser um passo fundamental para viver esse momento com mais leveza. 


Para Valéria, compreender que mães são humanas, com limites, medos e desejos, é essencial para desfazer a idealização que, muitas vezes, pesa sobre seus ombros: "Que lembrança você guarda da sua mãe? E que lembrança gostaria que seu filho tivesse de você? Talvez essa seja a pergunta mais potente para ressignificar esse papel tão profundo que é o de ser mãe".

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