Borduna lança “Arranjos” | Um disco sobre travessias, flores e resistência

No final de 2018 — um dos anos mais turbulentos da recente história do Brasil, marcado pela ascensão de ideias políticos de extrema-direita ao poder — integrantes da Borduna se reuniram em uma tarde de domingo para conversar, refletir e processar aquele momento à luz de suas próprias vivências.
Ilustração e Arte Cleber Mignoni Zeferino
Dessa conversa, surgiram as músicas “Hino dos Esquecidos” e “Travessia”. Esta última, em analogia à montagem de um arranjo floral, nasceu como a flor central — o ponto focal — de um disco que ainda estava por vir.
Naquele momento, todas as canções que fazem parte da discografia da Borduna já existiam, mas a banda ainda estava no processo de gravação do primeiro EP homônimo, lançado em 2019. Sete anos depois, dois EPs, um compacto e um single — todos produzidos e lançados de forma totalmente independente — o álbum “Arranjos” finalmente ganha o mundo.
“Arranjos” é o reflexo do caminho percorrido pelo quarteto, que nasceu com o desejo de ser uma banda de hardcore, mas que, inevitavelmente, expandiu seus horizontes sonoros sem jamais perder a essência, desse que é mais que um subgênero, e sim, uma cultura.
Na busca por construir um álbum que soasse como uma peça única, a Borduna incorporou diferentes elementos ao projeto. Samples com falas de Pepe Mujica e poemas recitados por nomes da poesia de rua de Caxias do Sul, como Valquíria MC e PI, atravessam as faixas, ampliando o propósito de fundir vozes, formas e visões em um mesmo trabalho.
O título do álbum carrega múltiplos significados. “Arranjos” remete, claro, à combinação estética e harmônica de elementos — como flores dispostas em uma composição. Mas também evoca a própria natureza das flores: seres que nascem e florescem mesmo diante da adversidade, símbolos de força, fragilidade e exuberância.
Elementos que nos acompanham nas grandes travessias da vida — e da morte.
Assim, “Arranjos” é um disco que fala sobre conexões entre trajetórias individuais e coletivas. Um lembrete de que, no fim, as harmonias e dissonâncias compõem algo maior. E que, mesmo quando o resultado foge do que esperávamos, ainda assim algo foi construído. Porque a travessia, por si só, já é um gesto de resistência.
Ficha técnica
Produção: Éverton Severo e Borduna.
Capa: ilustração de Rooosa e arte de Cleber Mignoni Zeferino
Letras: Rudinei Picinini, Valquíria MC e PI
Música: Borduna
Ouço o álbum no Spotify:
https://open.spotify.com/intl-pt/album/5nFQHoqHxuyXdXpsTT4P5I?si=6kkxokv4RC-
ZstbTFGCnSw
Assista ao clipe de Travessia: https://www.youtube.com/watch?v=UAhspIIbYkQ
Conheça a Borduna
Fundada em janeiro de 2016, o quarteto — formado por Cleber Mignoni Zeferino (baixo e vocais), Éverton Severo (guitarra e vocais), Bruno Vasconcelos (bateria) e Rudinei Picinini (vocais) — já possui dois EPs, um compacto e dois singles lançados.
Além disso, o grupo já coleciona apresentações pelos três estados do sul do Brasil.
Ouça Borduna
Bandcamp: https://borduna.bandcamp.com/releases
Spotify: https://open.spotify.com/intl-
pt/artist/7HNjTFVSeyXpCNmVdhqakT?si=waxBXHBMTPm2oXr2uYbrgw
Rudinei Picinini
Alforge Records - Netlabel
19 de abril de 2019
55 54 991615405
alforgerecords@gmail.com
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