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Caxias do Sul,09/05/2024

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Laudir

Só nós podemos sentir as nossas dores

Imagem extraída
Só nós podemos sentir as nossas dores

Ao sentar do lado daquela menina de uns 6 anos aproximadamente, eu me deparei com uma das realidades mais cruéis dessa vida, vi o seu clamor e uma espécie de ‘estou aqui porque não tenho outra opção’. Junto ao pai na fila do restaurante popular, pedia a comida da sua preferência e o senhor com toda a paciência do mundo pegou a sua bandeja e serviu tudo o que era do seu agrado. Não era algo de outro mundo, não vi menosprezo, não senti tristeza, apenas pude ver as disparidades da vida, as diferenças de expectativas e a remota possibilidade de alimentar a alma. – Hoje eu fiz talvez a primeira refeição que me oportunizaram.

Isso é de uma falta de opção incrível, quanta gente tem as suas expectativas roubadas, sonhos de uma mesa farta na sua própria casa, sem a necessidade de esperar um sorriso, uma gentileza e um favor de ser servido por um estranho.

Minhas resistências já estavam quase acabando, a lágrima nos olhos estava sendo contida até o momento em que outra pessoa sentou na minha frente, me olhou, cumprimentou e de mãos postas começou a rezar.

Hoje eu almocei no Restaurante Popular e senti de perto a aflição, a angústia e a sutileza de quem ao menos sabe o que significa um prato de comida. Alguns servem tanto que parece que estão se alimentando para a semana toda, outros baixam a cabeça e comem quietos, pensativos, talvez antevendo, enquanto saboreiam o ótimo alimento, que talvez amanhã deverão estar ali novamente.

Um dia por vez, esperando que as coisas melhorem, que outros seres humanos olhem para o lado e vejam as desigualdades sociais tão cruéis e latentes que nos assola e permite que tenhamos a humildade de entender que nesse mundo podemos até estar sozinhos, mas não por falta de companhia, mas por puro descaso.

Quando saí do restaurante, a menininha ainda estava lá sentada com o pai, afaguei o seu cabelinho, recebi um olharzinho meio desconfiado e segui a minha caminhada rumo às lembranças e a esperança de que eu possa, assim como recebi hoje, ajudar os outros, pois ninguém sabe o que se esconde atrás de um sorriso.

A vida vai seguindo em cores reais e que Deus permita que todos possam desfrutar em algum momento das suas vidas, as bênçãos e os cuidados merecidos.

By Laudir Dutra




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