Foto Laudir Dutra/Arquivo

Tirei a semana para fazer um tour pelas andanças dos meus amigos e pelas pessoas que conheci há algum tempo e que não via mais. Fiquei emocionado de como isso é gratificante, fazer uma espécie de via crucis do bem sobre os lugares e tempos que vivi.

Me deparei com alguns caos e situações que não sabia que existia, mas a satisfação de poder visitar e tirar uns dois ou 10 minutinhos colocando o papo em dia tem uma importância crucial para seguirmos adiante e sempre com a promessa de revê-los, lugares, pessoas e situações.

Sobre o título acima, me impressionou muito o fato e fiquei a pensar sobre isso, por que as pessoas invariavelmente têm dificuldade de exercer o poder de ser gentil, de se envolver com o problema que outrem passa naquele instante, senti na pele a arrogância, a soberba e a falta de tato que o ser humano tem para com o outro da mesma espécie, digamos assim.

São inúmeros sentimentos que brotam assim, do nada e que muitas vezes você não consegue segurar a tua indignação, fique literalmente com os pés e as mãos amarradas, gente que prefere terceirizar as suas decisões, senta em cia do regulamento, não sai da sua zona de conforto em consonância com a dor e a falta de soluções que o outro passa naquele exato momento.

Não é despeito, nada vai de coitadismo e nem tão pouco de querer tirar proveito sobre a tua condição e a resolução do teu problema e sim, uma constatação de que realmente a grande maioria das pessoas vive na sua própria bolha e não sai com medo de ter que ser gentil, educada, comprometida e sensibilizada com a sorte do outro.

Voltando às primeiras linhas, visitei o meu amigo Daniel Caregnato no bairro Rio Branco, meu compadre dos tempos de Incitatus, comprei um pão quentinho na Padaria Rio Branco, saudoso que estava da amiga Luisa, um monumento e braço direito do seu Pedro Montovani e desses só tenho maravilhas para falar, lembrei dos tempos de quartel, do Colégio do Carmo onde estudei e me formei, das festas com os colegas no barzinho em frente, das saidinhas na hora do recreio para tomar vinho e comer salame e queijo, daí aliás aconteceu o meu primeiro porre.

Tirei um tempinho para assistir uma sessão na Câmara de vereadores e lá tive o prazer inenarrável de reencontrar o Dr. Luciano Santos, médico, pessoa acima da média. Sobre esse, abro um parêntese, desde que o conheci nunca me senti mais acarinhado e fazendo parte do mesmo espaço de tempo e lugar, deve ser sem dúvida, uma das melhores pessoas que esta cidade possui.

Mas nem tudo são flores, depois da falta de tato e desconsideração total para com um ser humano, visitei o Dr. Clademir Ortigara na Clínica Ossos. Não tinha hora marcada e nem a certeza que ele me receberia, mas para a minha satisfação, foi o tempo da recepcionista entrar e voltar dizendo, “seu Laudir, o senhor pode entrar”. Esse cara aí é de uma humanidade sem tamanho, falamos sobre o passado quando jogávamos bola no Colégio La Salle, de uns embates maravilhosos e de como era difícil sair um vencedor. No final, sempre vencidos e vencedores se abraçavam e brindávamos a vida numa sintonia e cordialidade que nos dias de hoje não se tem mais.

Dito isso, fico tão feliz de poder dividir com todos os que estão lendo esse breve relato, me vangloriar por ter poucos amigos, mas que valem por milhares e por saber que felizmente temos essas válvulas de escapes que são esses gloriosos para nos sinalizar de que apesar das muitas mazelas espalhadas em todos os cantos e setores da sociedade, eles salvaram a minha semana e que se um dia eu saber ou sentir que estou perdendo as forças para lutar contra as indiferenças, a falta de carinho, o desrespeito e o não tô nem aí contigo, eles serão meu alento para jamais baixar a cabeça e ter a certeza de que eu sou integrante da parte boa da laranja.

Obrigado gente, terão sempre o meu respeito e admiração!